O que é doce nunca amargou

Cresci em Idanha-a-Nova, terra que vim a abandonar na adolescência. Crescer lá foi difícil; não vale a pena romantizar. Mas tive a sorte de crescer nos braços do meu avô Mário, que sempre me quis bem e me deu os melhores conselhos. Durante as nossas longas conversas, ele utiliza muitas vezes a expressão: “O que é doce nunca amargou”. No início, não compreendia bem o que significava. Se formos procurar, lemos que quer dizer que algo bom ou agradável nunca será motivo de arrependimento ou deceção. É também uma forma de dizer que o que é bom, mesmo que dure pouco, será sempre valorizado como uma boa lembrança. Para mim, é uma maneira de pensar que, se olharmos para a vida com esperança e acreditarmos que há coisas boas, conseguimos seguir um caminho de maior tranquilidade e paz. É uma pequena recordação que guardo dele e de ter crescido em Idanha-a-Nova — um lugar para o qual, inicialmente, voltar era sinónimo de doçura, mas que, à medida que os anos passam, se torna cada vez mais difícil.